quinta-feira, julho 29, 2010
quarta-feira, julho 28, 2010
Impressões
Em breves segundos, são mil fragmentos - feitos de gordas gotas de litro - que cortam furiosas diagonais como se não houvesse tempo a perder. Caem como quando choro. Devagar e tristes, riscam toscos traços sem sentido. Estranhos e magnéticos são-me vagamente familiares. Perco-me no contratempo e nada mais me move.
Terei passado?
Releio-me e já não me lembro. Há coisas que vivi que não me parecem minhas. Sabem a sonho, a não real. Sabem a passado e já não estou tão certo que as tenha vivido. Estão ao longe, no limiar da verdade e da fantasia. Sei que são minhas mas já não as sinto...
quinta-feira, julho 22, 2010
Um arzinho de sua graça...
... dou, mas a medo, com a sensação de que já não sei ou de que me posso me ter esquecido. Sem a segurança de sentir desmesuradamente. Dou porque sim.
quinta-feira, março 11, 2010
quinta-feira, fevereiro 25, 2010
Desta teve mesmo de ser...
São 3 da manhã. Meto as chaves à porta de casa e sou surpreendido por dois meliantes com o intuito de incorrer num furto agravado. Dou mais ou menos conta do assunto. Entre gritos de indignação e palavrões bem assustadores, algumas esquivas milimétricas e a preciosa ajuda de um destemido fogareiro, afasto os delinquentes. Grandes pelintras. O que eles queriam era a chave do Twingo, os pequenos criminosos. Minutos depois, já no conforto e segurança do meu lar, sou surpreendido com um toque de campaínha frenético. Ai tu queres ver! Era o vizinho da frente. O delator: - Chamei a polícia, anda, desce daí. Vamos à esquadra apresentar queixa dos gatunos. - Ah! Obrigadinho deixe lá isso, eles... Não deixo nada, anda lá. Tens de apresentar queixa! - F@#$%-se qu'é chato! - Lá fui, contrariado, apresentar queixa dos delinquentes. Tive de os identificar - numa sala, virados de costas, apontei-lhes o meu dedo acusativo. Só me queria ir embora dali. E fui, passadas algumas duas horas. Muito depois dos acusados que, ao que parece, tinham compromissos importantes. Passaram-se cinco anos, nos quais faltei a todas as diligências a que devia ter ido. Queria lá saber dos meliantes. Não me incomodem! Já bastou o próprio dia da ocorrência e todos os que se seguiram em que encontrava o vizinho delator: - Olha lá fui chamado para aquilo! Estragaste-me as férias. Grande trinta e um que me arranjaste. - Eu?! - Sempre a queixar-se, o chato de galochas. Haja paciência para as lamúrias do delator. Notificação para comparecer em tribunal, cinco anos depois! Desta vez não pude fugir mais, sob risco de detenção e multas agravadas. Sozinho, sem qualquer tipo de apoio jurídico ou aconselhamento legal, ponho-me a caminho do Campus da Justiça. A imponência do nome obriga-me a endireitar as costas sempre que o oiço ou pronuncio. Um aglomerado de tribunais para todos os gostos. Edifícios de A a K divididos e sudivididos em incontáveis secções e repartições, só mesmo superadas pela quantidade de pequenos criminosos. Parecia uma concentração da classe dos gatunos, os estereótipos estavam lá todos. Tudo à espera do juízo da Sr. Justiça. E eu também. Uma hora na fila para entrar, descobrir a sala de audiência - dez minutos - mais vinte e cinco á espera de ser chamado. A minha sorte é que comigo, também à espera, estava um dos larápios. Simpático, não? Tirem-me deste filme! Finalmente uma jovem simpática canta o meu nome. É o início do fim. Entro na sala e os semblantes destes profissionais da justiça assustam-me mais do que o dos ratoneiros da sala de espera. Tenebroso. Lá jurei dizer a verdade. E disse, teve mesmo de ser...
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
Enlightenment...
Já não sou um. Deixei de ser só eu, há muito. Sou eu e tu. E é nesse momento que deixo de existir, como era. Existo contigo, existimos. É enleado e labiríntico o enredo que insisto em manter. Bem sei. Sempre soube. Mas agora, no emaranhado que crio, somos dois. E não posso. Não devo. E não quero. Assim, corto fora o que não nos serve, os impulsos de ser sozinho. Descomplico. Censuro os ímpetos de uma outra forma de estar. Organizo-me, concentro-me, cresço...
terça-feira, fevereiro 09, 2010
...
Sentir tudo de todas as maneiras. Viver tudo de todos os lados. Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo. Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos. Num só momento difuso, profuso, completo, longínquo... Sentir tudo de todas as maneiras. Ter todas as opiniões. Ser sincero contradizendo-se a cada minuto. Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito.
Álvaro de Campos
sábado, fevereiro 06, 2010
quarta-feira, janeiro 27, 2010
Se pudesse
...não saía de lá. Deixava-me ficar, embuído na rotina diária. Acordo de um salto com os primeiros raios de luz. E ainda meio dormir, pego fogo à panela, até ferver. Pacote de massa bem regado a limão e está feita a refeição dos duros. Primeiro estranho depois... O frio não existe, convenço-me. E é fácil. Não espero por ninguém e à hora de abertura já lá estou. Arrancam, comigo, as primeiras cadeiras. Sou eu e poucos mais. Ainda é cedo. O ar gelado queima-me, suave, a pele e confirmo: - estou onde gostaria de estar sempre!
segunda-feira, janeiro 18, 2010
quinta-feira, janeiro 14, 2010
Falta de...
Em branco. Está inerte e sem vida o fio condutor que em tempos me impelia a gravar aqui, amiúde, o que me ia na alma. A vontade existe, garanto(-me) e é a mesma de sempre. Já o ímpeto, aquele movimento impulsivo e violento, que me obrigava a largar por aqui, sem qualquer tipo de resistência, a verborreia latente do meu espírito inconformado, esse, não sei dele. Fugiu-me sem aviso. Não obstante, esta não me parece justificação à altura. Assim, acho que vou culpar o tempo. É isso, não tenho tempo. Diz, que é o que se deve fazer quando não se faz alguma coisa de que se diz que se gosta. Usa-se o trunfo. O Tempo. Falta-me o tempo. Tenho lá eu tempo para isso. Assim durante um momento - não mais que um suspiro - quase que acredito. A verdade é que não me apetece, nem acho que deva, obrigar-me a vir aqui só porque me apetece que me apeteça escrever. E apetece! Não sei se me faço entender...?
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