Sentado, quieto e posto a um canto, numa sala sem paredes ou tecto, olho para mim próprio... ao longe! Do chão que não existe, mas onde estou, vejo-me no presente e não caio. Seguro, imóvel e suspenso olho para a minha vida, mas não lhe toco. Não posso! É um ficheiro só de leitura. Sou um mero espectador e não dos mais atentos. Às vezes, consigo por instantes, vislumbrar o futuro, uma porta ou uma janela que aparecem sem aviso, de surpresa. Levanto-me num espasmo e começo a correr no vazio. É inútil. Não saio do mesmo lugar. E quanto mais corro maior se torna a distância. Desisto e volto a sentar-me, exactamente no mesmo sítio. Não me movi um centímetro. A porta ou a janela já não existem. Desapareceram na escuridão do horizonte. Olho para trás e são infinitas aquelas por onde já passei. Umas grandiosas e imponentes outras simples e humildes. Não quero voltar, não me interessa. Sentado quieto e posto a um canto, espero ansioso pelas próximas, seguro, imóvel... suspenso.
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2 comentários:
Continuas a escrever bem!!!
Tudo bem Miguel? Espero que sim. Olha, fala com o Matos porque vamos todos jantar no sábado. Ficas já avisado. Aparece! Abraço, Joel.
- Beautiful!
- You should start a scrap book of annotations, and perhaps, someday, you could make a compilation of all docs.
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