quinta-feira, novembro 06, 2008

Sonhei!? "Reloaded"

Saio de casa a correr com as pernas a fugirem-me do corpo. Sem pressa. Desço, dois a dois, os degraus de uma escada de madeira que não existia. De atacadores desapertados piso-os, uma e outra vez - têm mais de um metro cada um - e não tropeço. Encosto-me à parede, húmida e rugosa e estou certo de que não é a mesma parede, não a reconheço, é outra, de um qualquer outro espaço, quem sabe de outro tempo! No lugar de uma das portas está uma janela que enquadra uma menina de curtos cabelos castanhos e olhos cor da Lua. Uma que já vi, mas não sei dizer bem onde... E o que sei, é que não sei onde estou. Uma melodia, que não me lembro ter ouvido antes, surge-me aprisionada - sempre a mesma, incansável. Os degraus são agora uma passadeira de madeira polida e envernizada que quando pisada se faz ecoar, enquanto range, no tom do toque do tempo da melodia que me acompanha. Tenho dificuldade em perceber se escorrego ou se sou puxado. A menina, dos olhos cor da Lua, não mos tira de cima. Às vezes, por breves segundos, vejo-me fora de mim e daqui de cima consigo ver até ao fim do mundo e para além dele. O surreal, que me toma de súbito os sentidos faz-me rodar sobre mim próprio em várias voltas - talvez esteja num quadro! - e grito bem alto para ver se me sinto, mas não me oiço. Esbatidas a pincel, surgem-me de todos os lugares imagens que me são familiares, imagens de momentos meus. Passam de um borrão a quase reais. Apagam-se no momento em que penso tocar-lhes. Tento agarrar o pincel que as pinta - quero ver quem o segura - mas sem sucesso. A melodia está agora em crescendo e é quase incontrolável, quer fugir e não pode. Como eu, também o pincel se move ao sabor da melodia. Estou dentro de um quadro fantasma e disforme onde o silêncio é pintado de cor e amparado pela agora intempestiva sonoridade melódica. Sento-me em cima de uma das imagens, ao lado dos olhos cor da Lua - que me guardam - e espero que nos pintem por cima, que se acabem as tintas ou se canse o pintor...

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