Sentado numa pedra... é de noite. E debaixo do céu da Serra quase que toco nas estrelas. As cadentes são amiúde e cada uma que vejo, desejo. Estou sozinho, embora rodeado de pessoas. Entre um copo de whisky e um bafo de charuto vou perdendo o tempo. De repente, devagar e sem aviso pára-me na mão um pirilampo. Guardo-o. Não ofusca as estrelas, mas ilumina-me por dentro. Seguro-o mais perto. A luz que é e não é, em tempo moderado, tranquiliza-me. Sinto que se sente confortável sentado na minha mão. Sinto que o faço sentir. E eu também. A dinâmica é pura. E adormeço. Num estado latente, à semelhança de um sonho acordado, vivo e respiro a sinergia. Nunca tinha visto luz assim. As cadentes que continuam a cair já não me prendem. Nunca vi, em nada nem ninguém, o que só consigo ver à luz de um pirilampo. Seguro-o, ainda mais perto. Aperto. E o conforto que era, já não é. Um dia, passados vários de luz, o pirilampo cansou-se e voou. Levou com ele, sem saber, a tranquilidade que me guardava. Agora estou no mesmo sítio onde estava, de alma apagada. Sem retorno. Depois de conhecer esta luz, a das cadentes nem a vejo. E sentado numa pedra, entre um copo de whisky e um bafo de charuto, resta-me a lembrança de uma luz que vou guardar para sempre...
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