terça-feira, abril 22, 2008

Hoje...

...recordo uma realidade que me é (agora) distante e não me parece minha. Sei que é (leia-se foi), mas não parece. É de um eu de que me lembro. E já não somos o mesmo. Somos outro do mesmo e ficámos diferentes. Como é que é possível não sentir como minha uma realidade que me pertenceu e tanto? Não sei, mas é. Talvez porque o tempo, e não é preciso tanto assim como isso, tudo tira. As realidades que são (leia-se foram), não perdendo (nunca) o valor que tiveram (leia-se têm), vão deixando de ser. Transformam-se. O que era imprescindível e vital, às vezes sem deixar de o ser, desaparece. Com o tempo, passam a simples recordações, memórias. Passam a um género de nostalgia melancólica que me ataca quando me lembro. É uma realidade que vivi, mas que já não é minha, já não me pertence. E por mais intensa que possa ter sido, e foi, pertence agora ao plano do vazio. Pertence à vida, pertence a um tempo que já passou. Pertence a uma estória que é (leia-se foi) a minha...

1 comentário:

boneca disse...

e isso não te faz sentir tão miserável às vezes?? tão pequeno, tão... sem casa?
poderia ter escrito exactamente as mesmas palavras, mas falta-me essa força de que falas..~.