Oito da manhã. Acordar não me apetece e resisto. Rola, Rebelo, rebola. Luta injusta com uma almofada mais forte, assistida pelo fiel edredon de penas. Batalha desleal e sempre a mesma. Às vezes, se bem que poucas, não lhes dou hipótese. Mas na maioria das ocasiões ganham-me pelo menos uma hora. Acabo sempre por destruir a vontade, quase incontrolável, de me submeter à pressão confortável das penas que me cobrem. Olho para o relógio e são já as horas em que, teoricamente, lá devia estar. Mas para quê? A pergunta é retórica porque a resposta é evidente. Não obstante, faço o que me compete e sigo o meu caminho. Não tenho que planear o dia, nem que gerir prioridades. Não tenho stress, timelines, deadlines, milestones nem nada que se pareça. Não tenho que garantir rotinas nem avançar trabalho acumulado. A única coisa que tenho acumulada é inércia e marasmo. E por falar nisso, tenho aqui mais um bocado de nada para acumular aos bocados de coisa nenhuma da semana passada. Se calhar é melhor ter cuidado, se não ainda acabo por ficar com uma série de nada para fazer e depois não dou conta do recado. Ainda me despedem por não cumprir com as minhas tarefas. Chego ao escritório, nunca vazio, e entre biombos dou início ao meu dia. Música nos ouvidos e estou pronto para atacar. Jornais online, cafézinho, correntes de email, cigarrinho, Messenger, Star Tracker, textos para o blog, mais um cigarrinho, LinkedIn, LondonJobs, Mad´s, cafézito, correntes de email... e por aí adiante. É uma animação e não tenho mãos a medir. Chega a hora do almoço e bem precisava, que isto de pouco ou nada fazer também dá fome. Tiro todo o partido da hora que tenho, mais meia. Quando volto, o trabalho lá está, ninguém lhe mexeu e ele não desaparece. Ou pensas que a vida são só facilidades? É o que me diz minha mãezinha. Andou a ela a criar este marmanjo para estar a ser escravizado num escritório. Que desgosto! À tarde, é mais do mesmo. E chego mesmo a suar. Está sempre mais quentinho. A custo, e muito, as dezoito estão mais perto, mas demoram a chegar. Estou tão concentrado no trabalho que não tenho, que oiço o ponteiro dos minutos a fazer o seu caminho. Já conheço o som das seis, é bem diferente dos outros. E não oiço mais nenhum a partir desse. Quando dou por mim já lá não estou... Será que vai ser sempre assim? Ou tiram-me daqui? Rápido!
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