quarta-feira, dezembro 31, 2008

Saving Last Year Reloading the Next

Acaba-se hoje mais um. Mais um cartucho. Foi-se. E foi dos bons este. Começou pesado, denso, um bocado no seguimento do fim do anterior. Começou a acabar assuntos já acabados, enrolado noutros que nem deviam ter começado. Começou a fechar portas, histórias e a abrir outras. Começou de novo, sem os velhos hábitos que caracterizavam uns quantos outros atrás. Foi um ano de mudanças, de regresso a raízes - nunca perdidas, nem tão pouco esquecidas. Foi um ano de experiências, de fabricar memórias, de criar momentos impossíveis de esquecer. Foi o ano dos Golden, de muita música. Ano de virar marinheiro de barba rija, de enfrentar o mar sem medo. Ano de histórias novas umas sem início e noutro tom e outras de fim anunciado. Ano de descobertas e emoções, ano de viagens. Ano de Cultura. Acaba-se hoje e vem lá um novo que se espera melhor. Vem lá um novo que se quer de viragem...

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Una Storia Senza Inizio...

Estou de volta a um lugar que conheço bem. Estou de volta a um estado melancólico de quem quer uma história impossível. Sinto-me, de novo, a passar ao lado de uma fórmula perfeita. Sinto que as histórias que me escolhem, se mostram perfeitas, se sentem secretas e depois, de súbito, deixam de ser, mesmo antes de se deixarem (com)provar. Sinto-as como sinopses, pequenos resumos, não do que são, mas do que poderiam vir a ser, se se deixassem contar. Mas não deixam. Pelo menos, não como se fosse eu a escrevê-las - não se escrevem histórias sozinho, são sempre escritas a duas mãos, a duas mentes, a dois -. Se calhar, sou eu que não lhes dou, a estas histórias que desejo perfeitas, tempo para respirar, sufoco-as com a minha insegurança e vontade de as viver. Se calhar, sofro por antecipação e não sei esperar. Quero tudo no preciso instante, no exacto segundo em que sinto que as quero. Dizem-me que sou intenso demais - pode ser que sim -, mas o que é facto é que nada é simples e as histórias que me cativam, aquelas que sinto intensas e que quero viver como tal, não desenvolvem. Quero uma história, um conto que me transcenda e que não me deixe pensar, que aconteça a cada segundo e por si só. Que vá acontecendo. Não quero senti-lo às partes, aos bocados do que pode ser. Quero que seja! Só me escolhem é histórias impossíveis e de difícil acesso. Será que sou eu que as escolho?

terça-feira, dezembro 02, 2008

sexta-feira, novembro 21, 2008

Leis Várias

Lei da Procura Indirecta diz que o modo mais rápido de se encontrar uma coisa é procurar outra e que acabamos sempre por encontrar aquilo que não estamos à procura.
Lei da Telefonia diz que quando te ligam, se tens caneta, não tens papel, se tens papel, não tens caneta, se tens papel e caneta, ninguém te liga. Diz também que quando ligas para um número errado esse número nunca está ocupado.
Lei das Unidades de Medidas diz-nos que se estiver escrito Tamanho Único é porque não serve a ninguém e muito menos a ti!
Lei da Gravidade diz que se conseguires manter a frieza quando todos à tua volta estão a perder a cabeça é porque, provavelmente, não estás a perceber a gravidade da situação.
Lei dos Cursos, Provas e Afins diz que 80% de qualquer prova final será baseada na única aula a que não foste e no único livro que não leste.
Lei da Queda Livre diz que qualquer esforço efectuado para se agarrar um objecto em queda, provoca mais destruição do que se o deixássemos cair naturalmente e que a probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor da carpete.
Lei das Filas e dos Engarrafamentos refere-se ao facto de a fila do lado andar sempre mais rápido. Nem adianta mudar de fila. A outra é sempre mais rápida.
Lei da Relatividade Documentada diz que nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação do manual de instruções.
Lei da Atracção de Partículas - toda a partícula que voa, encontra sempre um olho aberto, ou dois.
Lei da Vida diz-nos que uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada. Tudo o que é bom na vida é ilegal, imoral ou engorda.

terça-feira, novembro 18, 2008

Mudança muda e constante.

Tudo muda, tudo se transforma e deixa de ser para passar a ser outra coisa qualquer. Num momento, no tempo de uma vida ou várias, previsto ou sem dar isso, não há nada nem ninguém que não mude. Mudam-se os tempos e com eles as mentalidades, muda-se uma ou outra coisa lá em casa, há quem mude mesmo de casa, outros mudam de opinião, há quem mude de carro, de marido, de religião, muda-se porque se envelhevece, ou porque se perde a cor, muda-se porque se pinta por cima, muda-se de sítio, troca-se de lugar, muda-se um penteado, mudam-se as leis e as regras, também se mudam as realidades, alteram-se os quotidianos, há as que mudam porque crescem, outras porque se estragam. Há quem engorde ou emagreça... uns são pais e mães, outros irmãos e tios, há outros que deixam de o ser. Mudam-se as paisagens, os hábitos, as certezas, mudam-se as vontades, as possibilidades, o que se dá por garantido deixa de ser, assim como o que está perdido se volta, às vezes, a vencer. Tudo muda. Não há nada, em altura nenhuma ou lugar do tempo, que não esteja nesse preciso momento a mudar. Há mudanças que levam gerações e gerações, outras nem um segundo. Há coisas e sítios e pessoas que parecem sempre iguais, mas não são, são sempre diferentes, mesmo que não se dê por isso. Eu mudo. E tu também. Assim como tudo e todos vão mudando à nossa volta. Mudamos, em silêncio...

sábado, novembro 08, 2008

quinta-feira, novembro 06, 2008

Sonhei!? "Reloaded"

Saio de casa a correr com as pernas a fugirem-me do corpo. Sem pressa. Desço, dois a dois, os degraus de uma escada de madeira que não existia. De atacadores desapertados piso-os, uma e outra vez - têm mais de um metro cada um - e não tropeço. Encosto-me à parede, húmida e rugosa e estou certo de que não é a mesma parede, não a reconheço, é outra, de um qualquer outro espaço, quem sabe de outro tempo! No lugar de uma das portas está uma janela que enquadra uma menina de curtos cabelos castanhos e olhos cor da Lua. Uma que já vi, mas não sei dizer bem onde... E o que sei, é que não sei onde estou. Uma melodia, que não me lembro ter ouvido antes, surge-me aprisionada - sempre a mesma, incansável. Os degraus são agora uma passadeira de madeira polida e envernizada que quando pisada se faz ecoar, enquanto range, no tom do toque do tempo da melodia que me acompanha. Tenho dificuldade em perceber se escorrego ou se sou puxado. A menina, dos olhos cor da Lua, não mos tira de cima. Às vezes, por breves segundos, vejo-me fora de mim e daqui de cima consigo ver até ao fim do mundo e para além dele. O surreal, que me toma de súbito os sentidos faz-me rodar sobre mim próprio em várias voltas - talvez esteja num quadro! - e grito bem alto para ver se me sinto, mas não me oiço. Esbatidas a pincel, surgem-me de todos os lugares imagens que me são familiares, imagens de momentos meus. Passam de um borrão a quase reais. Apagam-se no momento em que penso tocar-lhes. Tento agarrar o pincel que as pinta - quero ver quem o segura - mas sem sucesso. A melodia está agora em crescendo e é quase incontrolável, quer fugir e não pode. Como eu, também o pincel se move ao sabor da melodia. Estou dentro de um quadro fantasma e disforme onde o silêncio é pintado de cor e amparado pela agora intempestiva sonoridade melódica. Sento-me em cima de uma das imagens, ao lado dos olhos cor da Lua - que me guardam - e espero que nos pintem por cima, que se acabem as tintas ou se canse o pintor...

quinta-feira, outubro 30, 2008

Preta de glamour rústico e profundidade vibrante, numa sala pequena demais para o tamanho de uma presença capaz de levantar almas. Um comprimento de voz que desata os sentidos para uma empatia imediata. Dona de uma capacidade, que se sente inata, de vestir as palavras que diz de virtuosa magia. Uma descoberta. Uma viagem ao centro de uma alma que nos chega agitada, inconformada. De voz versátil e cheia de verdade, capaz de desenhar sorrisos no mais soturno dos seres. Uma aparência infantil quase insegura - a dar ares a moleque de rua - que contrasta com um timbre versátil e intenso que, se fecho os olhos, me sugere a mais confiante das personagens. Intensa e perfurante, cativa. Uma postura forte, por vezes violenta, aliada a uma voz que cheira liberdade e vontade de se fazer ouvir. Uma voz que quero sentir, guardar e ouvir outra vez...

USA 2008 Presidentials - Greyhound Race



USA 2008 Presidentials - Greyhound Race from Spam Cartoon on Vimeo.

domingo, outubro 26, 2008

terça-feira, outubro 21, 2008

sexta-feira, outubro 17, 2008

Alguém disse...

"Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade."

Álvaro de Campos

sexta-feira, outubro 03, 2008

Italian Job

As horas passam em segundos e os minutos nem os vejo. A noite foi mágica e quase perfeita. Mais um volume de uma história sem início, que sei agora que não terá fim. Pelo menos anunciado...

quarta-feira, outubro 01, 2008

J.O.D.I.

É um prazer viver histórias com intensidade. Histórias que me deixam nervoso, que me tiram do sério, que me desconcentram. Gosto de me sentir desafiado, na luta da sedução, da conquista. Mesmo que esteja destinada ao fracasso. Mesmo que as probabilidades estejam todas contra. Jogo. E jogo duro. Jogo com tudo o que tenho e com o que não tenho também, se for caso disso. Jogo pela história, pela química, pelo desafio. E só jogo quando gosto. Quando sinto. Quando sei. Não faço bluff. Só é desafiante quando é verdadeiro, genuíno. Só é intenso quando é químico, explosivo...

segunda-feira, setembro 29, 2008

Ma Commo No?! - Una Storia Senza Inizio

A Física está cheia de Química e são ambas incontornáveis. Um feitiço, de pronúncia italiana e olhos cor de amêndoa, paira no ar. De sorriso infinito e apurada pureza, de uma beleza selvagem e de rapina - daquelas que só apetece guardar. É mágica, de beijos doces e suaves, cheios de intenção e verdade. Bela felina, invulgar e genuína. Feiticeira "maledetta" que me seduz e é seduzida, em jogos de hiper-empatia e de fórmula secreta. Mais uma história que começa. Sem início, esta. Que não sei como vai acabar. Mas uma coisa é certa: Um feitiço, de pronúncia italiana e olhos cor de amêndoa, paira no ar...

quinta-feira, setembro 25, 2008

Qual é a tua primeira recordação?

Foi-me proposto um desafio, assim em tom despreocupado, mandado para o ar: - Qual é a tua primeira recordação? Sem dar bem por isso, estava já no processo, surpreendentemente fascinante, de recuar dentro da minha mente à mais antiga recordação que conseguisse. O acto de escarafunchar a mente é inquietante, pelo menos para mim foi. Não é coisa que se faça de ânimo leve. Fui afastando momentos que me surgiam do escuro - coisas de que me lembro com alguma regularidade, outras das quais não sabia que ainda me lembrava - sempre com a mais antiga das recordações no horizonte. Por vezes, deixei-me perder numas quantas memórias - que sentia não serem as que procurava -, mas a nostalgia da nossa infância é cativante e magnética. E deixei-me levar. Quando dei por mim, estava numa teia de recordações díspares, confusas e enubladas. Tive de me disciplinar, obrigar-me à objectividade, ao método. Para a eficiente realização deste exercício devem afastar-se, categoricamente, as recordações que sabemos não serem a que procuramos. O que é extremamente difícil, para não dizer impossível! E é aqui que reside o fascínio deste exercício. Levou-me a lugares dos quais nunca mais me lembraria, não fosse o embarque neste desafio. Depois de me auto-disciplinar, de me focar na objectividade do meu propósito, chegou a altura de dar nós às memórias. O que pode chegar a ser irritante. Muito à semelhança daquelas situações em que nos queremos lembrar de um nome - de um livro, restaurante, pessoa, seja o que for! - e não conseguimos. Está debaixo da língua, sabemos o que é, estamos a "vê-lo", queremos dizê-lo, mas não nos é possível concretizar. É o acto de escarafunchar a mente. De repente, assaltou-me do escuro da minha memória, aquela que considerei que cumpria o objectivo a que me tinha proposto - chegar à minha primeira recordação. A recordação em si não tem interesse nenhum, à parte de ser a primeira de que me lembro, e nada me garante que tenha escarafunchado a minha mente com suficiente dedicação para poder dizer, com absoluta certeza, que é esta a mãe das minhas memórias. Por agora considero que sim. É uma memória nítida no espaço: Jardim de Infância - João Pequeno, à Estrela. Não devia ter mais de três anos. Lembro-me perfeitamente onde estava, sentado num muro com mais dois putos como eu. A conversa era sobre o nome de um deles que por qualquer razão que me escapa - talvez fosse inglês, francês, não sei - nos prendeu a atenção. O conteúdo em si varreu-se-me. Mas não é, de todo, importante. O interesse deste exercício está no percorrer a nossa lista mental de recordações. Encontramos coisas que não sabíamos que ainda estavam por aqui. Por outro lado, intriga-me o facto de me lembrar de um momento tão desinteressante como este e não me lembrar de outros que à partida me seriam mais queridos.
E a tua primeira recordação qual é?

terça-feira, setembro 16, 2008

quarta-feira, setembro 10, 2008

terça-feira, setembro 09, 2008

Parabéns Super Guerreiro

Hoje faz anoS um guerreiro. Um guerreiro de uma tribo de homens pequenos e loiros. Um pequeno grande guerreiro de descendência Anglo-saxónica, super e destemido, quase imortal. O alcance dos seus poderes é ainda descoNhecido, mas o potencial largamente reconhecido por todos quanTos o conseguem ver. Diz-se que é filho de uma sábia e de um homem que voa, neto de reis e sobrInho de mais tios do que aqueles que se conseguem contar pelos dedos das mãos. E dos pés. Letal esgrimista, este guerreiro sem medo é tAmbém um exímio atirador de tudo aquilo a que conseguir deitar mão. PeriGoso, se contrariado. Amável e dócil quase sempre. Com este mágico guerreiro, são poucOs aqueles que fazem farinha... eu faço!

segunda-feira, setembro 08, 2008

Diário de Bordo II - Excertos

"Eles eram três... o mais audaz, pegou na espada e zás! Pensas que o matou? Não matou. Eu vou contar como tudo se passou: - Eles eram três, um deles, o mais audaz, pegou na espada e... zás! Pensas que o matou? Não matou. Eu vou-vos contar como tudo, tudo se passou: - Eles eram um, dois, três e o mais audaz, pegou na espada e zás! Pensas tu que o matou? Não matou. Eu vou-te contar como tudo se passou..."
in Devaneios de um Homem Bomba

quinta-feira, setembro 04, 2008

Diário de Bordo I

Abro o lugar onde guardo as palavras e leio-as soltas, de seguida. Fecho os olhos e consigo lá voltar: - Ilha do Farol, poiso de marinheiros de barba rija, capitães de água doce e marinheiras reles. Ponto de partida da verdadeira aventura. Estamos ao sabor do vento e à vontade do mar. A lua que é cheia e gigante parece ser o destino. Hipnotiza. A noite, acolhe-nos meiga e luminosa e o Mundo é nosso. São enormes e constantes, as vagas que nos levam, com o vento, ao porto que nos espera. A adrenalina é inevitável e a sensação de liberdade proporcional ao infinito mar que nos segura... Sem medo, é o Eureka que nos guarda.

quarta-feira, setembro 03, 2008

...

Falei com o passado. Encontrei-o numa esquina um tanto ou quanto virtual. E falámos. Custou. E custou porque me obrigou a lembrar-me. Custou num segundo, ou dois, porque apesar de ser meu e intocável e para sempre, já foi. É mais uma história que se perdeu quando, por força do que é viver, se vai deixando ficar em baixo de outras histórias que já não são nossas, são tuas. E outras minhas. Não dói, mas custa. Custa porque acabar uma história significa começar outra diferente. Eu também, mas essa, por ser o ser humano egoísta - ou serei só eu? - não conta. Acho que custa por orgulho, insegurança, por saudade de momentos, instantes que hoje nunca existiríam mesmo que se contasse a mesma história outra vez. Acho que não me custa a mim, custa antes ao ego que preferia não ter... acho que custa por ter sido verdadeiro. Enfim, são as histórias que temos e que guardamos para sempre. Eu guardo...

domingo, agosto 24, 2008

sexta-feira, julho 11, 2008

segunda-feira, julho 07, 2008

sexta-feira, julho 04, 2008

Someone said

"Os segredos só se dizem no escuro..."

Anónimo

terça-feira, julho 01, 2008

Às vezes...

... não consigo parar de sonhar acordado. Dou por mim dentro da minha própria imaginação, em viagem. Sonho com cheiros e sabores que são tão reais que os sinto na pele. Sinto-os com tamanha verdade que chego a acreditar neles. Quase que os consigo tocar. Ver. Quando sonho acordado o meu maior medo é adormecer...

quinta-feira, junho 26, 2008

quinta-feira, junho 19, 2008

The Quest

Procuro... procuro-te em todo lado. Procuro nos olhos que se cruzam comigo na rua, nos cafés e nos bares. Procuro sem saber quem és. Procuro no vazio e sem referências, mas sei que já te conheço. Procuro em sonhos que tenho acordado. E quando durmo também. Procuro sem saber, ao certo, se já te encontrei. E sinto que sim. Não sei quem és ou se já foste, mas sei que serás. E sei que és como eu, na fórmula, na base...

quarta-feira, junho 04, 2008

Tatuagem

Tenho uma tatuagem no peito que, sendo invisível, se acende quando quer. Tenho uma tatuagem no peito que às vezes me queima e outras me aquece. Tenho, no peito, uma tatuagem que, sendo definitiva, às vezes me esquece. Que umas vezes me guarda e outras me perde. Incandescente tatuagem que tenho no peito que hoje se acendeu sem que o quisesse...

sexta-feira, maio 30, 2008

Ribeira Raíz

Saí e voltei às raízes, a uma das que tenho. Já tinha saudades. A mística do espaço com a mistura das individualidades serve de base à fórmula mágica que envolve este lugar. É um sítio que faz parte de quem sou, embora já não o fosse há muito. A recepção, essa é sempre a mesma - é serena e cheia e o trato é de perto, chegado e familiar, mesmo se não nos conhecermos - já o tempo por estas bandas não morre, passa a correr. É daqueles lugares onde as noites são dias compridos e os dias são curtos demais. É daqueles sítios que temos, que são nossos, onde estamos completamente à vontade e que existem à nossa medida. Quero guardar, cultivar este lugar e as pessoas que fazem dele mágico, o mais que conseguir...

sexta-feira, maio 23, 2008

É nóis!

No words

São voltas e mais voltas e independentemente do número das voltas que dou, volto sempre ao mesmo lugar. Os erros são os mesmos, mesmo que o sejam de maneira diferente. São erros. Um dia, cada vez mais perto, não vai haver lugar a mais voltas à volta dos mesmos...

quarta-feira, maio 14, 2008

Hoje...

...faço mais um para juntar aos outros que já tenho. E não me pesam, ainda. Hoje é dia de olhar para dentro e para a frente.

sábado, maio 10, 2008

quinta-feira, maio 08, 2008

Waiting

Agarro-me, inquieto, a um bloco de guardar letras. Preto de capa dura. Sinto uma urgência em escrever e não a sei explicar. Não tenho nada para dizer. Faltam-me os temas, a inspiração. Não sinto nada por nada, pelo menos não com força necessária que obrigue a que me caiam as palavras. Sinto falta dessa(s) força(s). Catalisadora de intensidade e do sentido de sentimento. E gosto dela, da força que me apura os sentidos. Nem que seja só porque me faz escrever.  Não sei se melhor, mas mais, pelo menos. E ainda a tenho, sinto-a, adormecida, ao meu lado. Mas essa descansa em mim imperturbável. Não se devem acordar furacões. Podemos não ter como os dominar. Assim, resta-me procurar outra, nunca igual, que me leve de volta ao lugar onde gosto de estar. Sentado no topo da minha existência, de guarda-letras preto numa mão e carvão na outra limito-me, (im)pacientemente, a esperar...

quarta-feira, maio 07, 2008

sexta-feira, maio 02, 2008

Becos

São sem saída os caminhos feitos de ruas estreitas que percorro, consciente. O aroma é incontornável, como a vida e o toque. Sei (agora) que são caminhos sem destino e não me importo. Não me apetece estar noutros, não os sinto nem vejo. São trilhos perigosos que me prendem enquanto me perdem. Tão perigosos como provocantes. O ambiente destas ruas é tenso. De uma tensão tão tremenda que me gelam os ossos. São caminhos que faço de sorriso rasgado debaixo de um dia de sol, já sem nuvens. Caminho sem destino e mutante, de vontade própria e imprevisível, desafiante. Um percurso de obstáculos onde salto por cima e passo por baixo, onde me desvio e fico preso, onde me solto e prendo de novo. Caminho viciante que vou conhecendo de cor, apesar de ser sempre diferente. Ruas e estradas e becos e caminhos (até agora) sem saída que percorrerei sempre, até a encontrar...

segunda-feira, abril 28, 2008

terça-feira, abril 22, 2008

Hoje...

...recordo uma realidade que me é (agora) distante e não me parece minha. Sei que é (leia-se foi), mas não parece. É de um eu de que me lembro. E já não somos o mesmo. Somos outro do mesmo e ficámos diferentes. Como é que é possível não sentir como minha uma realidade que me pertenceu e tanto? Não sei, mas é. Talvez porque o tempo, e não é preciso tanto assim como isso, tudo tira. As realidades que são (leia-se foram), não perdendo (nunca) o valor que tiveram (leia-se têm), vão deixando de ser. Transformam-se. O que era imprescindível e vital, às vezes sem deixar de o ser, desaparece. Com o tempo, passam a simples recordações, memórias. Passam a um género de nostalgia melancólica que me ataca quando me lembro. É uma realidade que vivi, mas que já não é minha, já não me pertence. E por mais intensa que possa ter sido, e foi, pertence agora ao plano do vazio. Pertence à vida, pertence a um tempo que já passou. Pertence a uma estória que é (leia-se foi) a minha...

sexta-feira, abril 18, 2008

quinta-feira, abril 17, 2008

Às vezes volta a cair-me a chapa...

Pego na minha agenda e procuro uma página sem tinta, para escrever. Sem querer, abro no vinte e dois. Tinha tinta. Tinha escritas três palavras. Três palavras que agora são tristes. Melancólicas. Três pequenas palavras do tamanho do que foi um mundo. Do tamanho de uma vida. Três palavras, de uma sílaba, que foram minhas. Palavras que não voltarei a escrever.

segunda-feira, abril 14, 2008

Eyes wide shut

Estou gelado. E mereço. A ingenuidade é paga a peso de ouro. E para a minha, não há que chegue. Passou por mim uma tempestade de gelo, sem vida, que ao que parece fui eu que criei. Não creio. E tenho frio. Uma vez mais - cada um tem o que merece. Semeei um vento, que me parecia uma brisa e ganhei uma tempestade, que sinto ácida. Recuo, derrotado e sem armas e espero sozinho, de olhos bem fechados, que chegue um dia a bonança.

terça-feira, abril 08, 2008

...

Já não me caem as palavras com sentido, caem antes desordenadas, sozinhas. Já não me tocam nos dedos as letras perdidas de um alfabeto. Estão cansadas. Como eu. Sem vida. Escrevo, unicamente, palavras que não significam nada. E apago-as...

quarta-feira, março 26, 2008

...

Há coisas curiosas... às vezes, quanto mais sinceros somos mais conseguimos afastar o que queremos por perto. Se há coisa que aprendi nos últimos tempos é que falo demais. Tenho de aprender a calar a boca. Há palavras que devem ficar por dizer. Sempre. Mesmo que supliquem para ser ditas. Mesmo que gritem um desabafo. Não podem. Tenho o coração colado à boca e não consigo guardar para mim o que me apetece dizer. Por qualquer uma razão, meio mórbida e de certa forma masoquista, acabo sempre por cometer o erro, consciente, de dizer o que sinto. Dou constantemente tiros no meu próprio pé. E mesmo com o mesmo todo furado, sei que hei-de voltar a fazê-lo. Acho que faz parte da minha natureza, ingrata que é. Posso esconder-me atrás disto o quanto quiser. Mas engano-me. E sei disso. O que sou é burro. E um burro, uma besta, é um ser que não pensa. E eu não penso. Pelo menos não antes de dizer. Sinto e disparo, uma e outra vez contra o meu próprio pé. E sempre o mesmo. Cada tiro que dou, como as palavras que digo, fazem-me recuar num tempo que já era. É uma guerra que estou destinado a perder. E não aprendo. Não consigo. (Contigo) simplesmente digo. Disparo...

quinta-feira, março 20, 2008

I´m watching you!


Dia do (meu) Pai

O meu pai é o maior! É grande. Muito maior do que alguma vez serei. É um guerreiro sem armas, um gladiador. Um poço de força e optimismo. É seguramente um dos melhores pais mundo. Não digo o melhor porque é o que todos dizem e acredito que haja mais como ele. Este mundo é tão grande que não fui, de certeza, o único a ter essa sorte. Mas o meu é um deles! Garantidamente. Mente e espírito como queria para mim. O meu velhote é lindo e único! Obrigado.

Fragmentos

Insisto. A realidade está à vista e é óbvia. E eu insisto, uma e outra vez até começar a passar pelo parvo que já me sinto. Não pareço importar-me muito com isso, uma vez que insisto outra. E o que é que isso faz de mim? Parvo! E não é um parvo, parvo! É um parvo...: - Manca-te! E é o que faço. Pelo menos tento. Mas por pouco. E quando dou por ela, voltei a fazê-lo. Insisto, sem retorno nem resposta. Não é diferente de rigorosamente nada, o que é uma pena e não o fim do mundo. Paciência. Acho que não volto mais a insistir. Parece qu'é parvo...!

segunda-feira, março 17, 2008

free music

No more rainy days

Desapareceu a nuvem carregada de chuva que pairava em meu redor. Acordei e já lá nao estava. Foi substituída por saudade. Desapareceu-me um peso dos ombros e acho que voltei a andar direito. Sem tristeza. Ganhei outro, um peso leve no peito. Tatuado. Há coisas que não desaparecem nunca. Adormecem. Mudam de lugar. Esta nuvem é uma delas. Não a quero esquecer nem perder, mas não quero mais carregá-la aos ombros. Encheu-se de chuva e choveu. E agora posso guardá-la sem peso e para sempre. Resignado. Mas tranquilo...

sexta-feira, março 14, 2008

The World at the tip of my fingers...

A conquista continua e as palavras que escrevo vão chegando aos quatro cantos do Mundo. Vá-se lá saber bem porquê. Chega mais a uns cantos que a outros, é certo, e desconfio que em alguns deles é mais por erro humano do que por qualquer outra razão. O que não deixa de me dar algum gozo. Podia aqui mencionar os nomes das cidades que me visitam, como já fiz, mas não apetece. Mas cito, com todo o gosto, uma bem portuguesa: Valongo do Vouga.

quinta-feira, março 13, 2008

Same old same...

Oito da manhã. Acordar não me apetece e resisto. Rola, Rebelo, rebola. Luta injusta com uma almofada mais forte, assistida pelo fiel edredon de penas. Batalha desleal e sempre a mesma. Às vezes, se bem que poucas, não lhes dou hipótese. Mas na maioria das ocasiões ganham-me pelo menos uma hora. Acabo sempre por destruir a vontade, quase incontrolável, de me submeter à pressão confortável das penas que me cobrem. Olho para o relógio e são já as horas em que, teoricamente, lá devia estar. Mas para quê? A pergunta é retórica porque a resposta é evidente. Não obstante, faço o que me compete e sigo o meu caminho. Não tenho que planear o dia, nem que gerir prioridades. Não tenho stress, timelines, deadlines, milestones nem nada que se pareça. Não tenho que garantir rotinas nem avançar trabalho acumulado. A única coisa que tenho acumulada é inércia e marasmo. E por falar nisso, tenho aqui mais um bocado de nada para acumular aos bocados de coisa nenhuma da semana passada. Se calhar é melhor ter cuidado, se não ainda acabo por ficar com uma série de nada para fazer e depois não dou conta do recado. Ainda me despedem por não cumprir com as minhas tarefas. Chego ao escritório, nunca vazio, e entre biombos dou início ao meu dia. Música nos ouvidos e estou pronto para atacar. Jornais online, cafézinho, correntes de email, cigarrinho, Messenger, Star Tracker, textos para o blog, mais um cigarrinho, LinkedIn, LondonJobs, Mad´s, cafézito, correntes de email... e por aí adiante. É uma animação e não tenho mãos a medir. Chega a hora do almoço e bem precisava, que isto de pouco ou nada fazer também dá fome. Tiro todo o partido da hora que tenho, mais meia. Quando volto, o trabalho lá está, ninguém lhe mexeu e ele não desaparece. Ou pensas que a vida são só facilidades? É o que me diz minha mãezinha. Andou a ela a criar este marmanjo para estar a ser escravizado num escritório. Que desgosto! À tarde, é mais do mesmo. E chego mesmo a suar. Está sempre mais quentinho. A custo, e muito, as dezoito estão mais perto, mas demoram a chegar. Estou tão concentrado no trabalho que não tenho, que oiço o ponteiro dos minutos a fazer o seu caminho. Já conheço o som das seis, é bem diferente dos outros. E não oiço mais nenhum a partir desse. Quando dou por mim já lá não estou... Será que vai ser sempre assim? Ou tiram-me daqui? Rápido!

quinta-feira, março 06, 2008

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Sonhei?!

Sentado numa pedra... é de noite. E debaixo do céu da Serra quase que toco nas estrelas. As cadentes são amiúde e cada uma que vejo, desejo. Estou sozinho, embora rodeado de pessoas. Entre um copo de whisky e um bafo de charuto vou perdendo o tempo. De repente, devagar e sem aviso pára-me na mão um pirilampo. Guardo-o. Não ofusca as estrelas, mas ilumina-me por dentro. Seguro-o mais perto. A luz que é e não é, em tempo moderado, tranquiliza-me. Sinto que se sente confortável sentado na minha mão. Sinto que o faço sentir. E eu também. A dinâmica é pura. E adormeço. Num estado latente, à semelhança de um sonho acordado, vivo e respiro a sinergia. Nunca tinha visto luz assim. As cadentes que continuam a cair já não me prendem. Nunca vi, em nada nem ninguém, o que só consigo ver à luz de um pirilampo. Seguro-o, ainda mais perto. Aperto. E o conforto que era, já não é. Um dia, passados vários de luz, o pirilampo cansou-se e voou. Levou com ele, sem saber, a tranquilidade que me guardava. Agora estou no mesmo sítio onde estava, de alma apagada. Sem retorno. Depois de conhecer esta luz, a das cadentes nem a vejo. E sentado numa pedra, entre um copo de whisky e um bafo de charuto, resta-me a lembrança de uma luz que vou guardar para sempre...

terça-feira, fevereiro 26, 2008

...

Não consigo esquecer os teus olhos longe do meu olhar, agora triste. Acordo, para deixar de os ver. Sonho perdido e recorrente. Olhar, o teu, que nunca tive senão por falsos e escassos segundos dos quais duvido. Segundos que são horas numa memória que me falha, exclusivos de uma vontade sem espaço e que não dorme nunca...

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Lack of Time

Sinto que me passa o tempo entre os dedos e que nem dou por ele. Já não tenho comigo quem me parava os minutos, quem os fixava num sorriso. Agora passam depressa, em passo de corrida. A galope. À carga. Parece que fogem de mim...

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Fragmentos

Tirei os olhos do meu próprio umbigo durante alguns momentos e voltei a olhar à minha volta. Senti-me pequeno, pesado e sem importância. Egoísta...

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Today...

...i woke up from a blue dream into my own blue world... all over again.

domingo, fevereiro 17, 2008

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Viagem

Acho que sonhei com uma viagem. Uma viagem onde voava sem asas. Volátil. Parecia um feitiço. Uma viagem só de ida, sem volta. Uma aventura de veludo. Uma vertigem fugaz, tão envolvente quanto sufocante e inesquecível, uma queda livre sem fim à volta de um mundo invulgar. Uma viagem feita de curtos e breves momentos. Não os suficientes. Momentos movidos ao sabor de vontades soltas e vacilantes. Momentos infinitos e relativos numa mistura de emoções. Todas as que conheço, mais algumas variantes. Vagas de sentimentos furiosos e intensos. Outros caminhos. Novas perspectivas que permitiram o vislumbre do perfeito. Uma prova de fogo feita de peças de Lego. Um sofisma, uma ilusão, um sonho. Foi uma viagem que fiz enquanto sonhava e que acabou antes de acordar...

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Hoje...

...sonhei com o nascer do sol.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

V for Vendetta


Evey: Who are you?
V. : Who? Who is but the form following the function of what and what I am is a man in a mask.
Evey: Well I can see that.
V. : Of course you can, I’m not questioning your powers of observation, I’m merely remarking upon the paradox of asking a masked man who he is.
Evey: Oh, right.
V. : But on this most auspicious of nights, permit me then, in lieu of the more commonplace soubriquet, to suggest the character of this dramatis persona. Voila! In view humble vaudevillian veteran, cast vicariously as both victim and villain by the vicissitudes of fate. This visage, no mere veneer of vanity, is a vestige of the “vox populi” now vacant, vanished. However, this valorous visitation of a bygone vexation stands vivified, and has vowed to vanquish these venal and virulent vermin, van guarding vice and vouchsafing the violently vicious and voracious violation of volition.
The only verdict is vengeance; a vendetta, held as a votive not in vain, for the value and veracity of such shall one day vindicate the vigilant and the virtuous.
Verily this vichyssoise of verbiage veers most verbose, so let me simply add that it’s my very good honour to meet you and you may call me V.
Evey: Are you like a crazy person?
V. : I’m quite sure they will say so. But to whom may ask, am i speaking?
Evey.: I'm Evey
V.: E. V... of course.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Dedicatória aos Amigos

"Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas deitadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades, até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe... nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro. Vamo-nos perder no tempo... Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?" Diremos que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto! -" Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!". A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrimas, abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!"
Fernando Pessoa

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

...

Para esquecer é preciso não pensar e para isso é preciso não viver. Logo, não esqueço... vivo.

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Manta de Retalhos - Sonhei?

Seguro em mim próprio com as duas mãos e com algum cuidado para não me deixar cair. Sinto-me longe, mas não sei bem onde. Longe, simplesmente. Sem vestígios de Norte sigo Sul, por uma estrada escrita a lápis de cor onde um bico de carvão preto traça, ao tempo dos passos que dou, o caminho que piso. Quero aquele lápis mas de outra cor. Ao longe à minha esquerda, (ou seria à direita?) outro lápis, de cor que desconheço, escreve as frases que digo, antes de as dizer. Também o quero. Queria escrever tudo o que penso e como penso em letras que juntassem as palavras em frases-chave. Frases-feitas de letras que me abrissem as portas de par em ímpar. Chaves-mestra do mundo. Do meu e do teu, quem sabe. Os lápis que agora são mais que muitos trabalham incansáveis e amiúde. Escrevem e pintam e rabiscam e apagam para voltarem a escrever e a pintar tudo de novo. Já não estou numa estrada, estou antes numa metrópole, escrita por mim à medida que penso. Continuo seguro entre entre as pontas dos dedos que guardam os lápis que me escrevem. Quero gritar e não consigo. Ao meu lado e de imediato um dos bicos de lápis, que parece de cera, vai gritando por mim...

quarta-feira, janeiro 30, 2008

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Pensei que fosse diferente. Que tivesse outro peso. Pensei que fosse especial e único. Pensei que superasse tudo e que fosse maior do que eu. Acreditei nisso. (E ainda acredito). Vi essa diferença, senti-a. Toquei-lhe. Mas acho que me enganei em metade. Afinal, parece que vale só o que vale. E parece que não é tanto assim. Vale de formas e intensidades, tamanhos e sentidos completamente diferentes para uns e para outros. Parece que vale o mesmo que vale outra coisa qualquer e que não é assim tão especial quanto isso. Não é o que parecia. Parecia antes perfeito. Matemático. Não parece mais. E assim, sem grande preocupação de uns ou pesar dos mesmos, perde-se ou vai-se perdendo, não tão devagar quanto isso, uma dinâmica pura e inata, de potencial infinito. Foi-se porque a deixámos. Eu não...

terça-feira, janeiro 29, 2008

Elogio ao amor - MEC

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em diálogo. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam praticamente apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do tá bem, tudo bem, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso dá lá um jeitinho sentimental. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A vidinha é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.
Miguel Esteves Cardoso

The sun is setting


segunda-feira, janeiro 28, 2008

Hoje...

... é o primeiro dia do resto da minha vida.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

State of Mind

Estou inebriado. Como se estivesse high. Estou perdido numa onda que não se vê. Num perfume que conheço de cor. Às vezes dou por mim, envolvido neste estado dormente, a sonhar acordado. Sonho que o que quero acontece. Sem atrito. Encontro-me a divagar pelas minhas próprias vontades e dou-lhes vida. É a única forma que tenho de ficar perto de um sorriso... Distraio-me a pensar que tudo é fácil e linear. E que o que sinto não pesa. Está em porto seguro. De repente, apaga-se o sonho, obrigado por uma frente fria de realidade. E regresso, sem querer, ao estado ébrio que marca os passos que dou em volta de mim mesmo. Assim. Num segundo. Como se não me fosse permitido sorrir...

segunda-feira, janeiro 21, 2008

De(u)sabafo

Diz que escreve certo por linhas tortas. Não creio. Neste momento acho que escreve bem torto por tortas linhas. Que escrevesse um raio solto e único a cair no mar. Que o agitasse. Que escrevesse uma revolta de ventos fortes e furibundos. Uma monção... mas não. Escreveu-me um peso na alma que não se apaga. Escreveu-te em mim...

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Hoje...

...acordei com saudades tuas. Nossas. Hoje acordei como a música do outro: ...e senti-me sozinho. E isto, mais do que nunca. Sinto-te longe, mas ainda te sinto. E tu também. Queria a nossa cumplicidade de volta. Queria as minhas mãos. As tuas. Geladas, nas minhas. Hoje acordei contigo. Com o teu aroma, o teu sorriso e apeteceu-me chorar. Sem ti, reina na cidade dos meus sonhos um silêncio em fundo azul onde o sol já não nasce... Sento-me, a ver-te ao longe, à espera que nasças de novo, enquanto sinto a minha alma desencaixar-se do corpo e a querer, também ela, fugir-me. Agarro-a pelos pés com quatro dedos de uma mão, enquanto o meu coração, que arde, corre mais do que aguenta. Também se desencaixou...

sábado, janeiro 12, 2008

Palavras de ontem que servem hoje

Retiro devagar e contrariado uma pressão que me apetece manter. Recuo, por imposição das circunstâncias uns quantos passos de cada vez, sem deixar que mude uma vírgula naquilo que sou. Faço-o porque prefiro o que tenho ao que eventualmente nunca viria a conquistar. Acto egoísta e de pura auto preservação. Simplesmente egocêntrico...

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Letras de outros dias...

Conto as horas, cheias de intermináveis minutos, que não passam. Para nada...

terça-feira, janeiro 08, 2008

Struggling...

Unsa(i)d words

Deceiving illusions enlighten my eyes. And I believe in them. You’re sitting in the back of my mind forever. Intensity explodes from inside you and everything is peaceful. I wonder if I can hold you close. Even for a minute. It will seem like an hour. Overwhelming and sensual geisha that drives me through the shadows of my own silence... where are you when I need you?

segunda-feira, janeiro 07, 2008

A alma existe?

De feitios feitos de tão diferentes matérias resultam almas iguais que se querem juntas para sempre. Almas que se transformam únicas. Que se merecem e se pertencem, uma à outra. Num só sopro. Geradoras de momentos que são mágicos enquanto duram e de memórias inesquecíveis, quando acabam. Fonte e destino de pensamentos recorrentes. Porto de viagens loucas e fantásticas. Palco do paraíso. Almas nascidas noutra dimensão que se reconhecem e revêem como se vissem num espelho. Tão parecidas que se assustam, sem razão...

Listening to you!

A música tem o poder de me fazer viajar no tempo. Regressar, reviver. Estar em lugares onde já estive. Permite que me veja de cima. Se as ouvir repetidamente, devolvem-me momentos e estados de espírito. Acalmam a saudade. E a vontade. Às vezes cantam o que quero dizer, o que sinto. Outras não dizem nada, são apenas um meio de visitar um fim ou um começo. Algumas dão-me a certeza de que determinado acontecimento foi real e não uma mera construção mental que fabrico porque quero. A música confere veracidade e forma a instantes que podem ter horas e que nunca mais quero esquecer. Ressuscita sentimentos e mantém-nos vivos enquanto toca. E um pouco mais depois disso. Hoje oiço só uma...

domingo, janeiro 06, 2008

Instant Pictures

My mind is full of them...

Palavras que (não) disse

Acordo, uma vez mais, de um sono curto e apetece-me chorar. Levanto-me de imediato, num espasmo, na esperança de sacudir esta vontade e acendo um cigarro. Não resulta. E acendo outro. Abro um buraco no chão, enquanto o gasto de pés descalços, e de um lado para o outro sem nunca sair do mesmo lugar, espero que a vontade fuja e eu consiga voltar a ser eu, só até amanhã...

Apetece-me...

... falar contigo. Apetece-me falar sobre tudo e sobre nada. Apetece-me falar sobre o tempo ou sobre como o homem da esquina tem um ar suspeito e assustador. Apetece-me falar sobre ti. Sobre medos e desejos, vontades e receios. Apetece-me falar sobre os melhores e piores restaurantes. Falar de negócios e projectos vencedores. Ou então sobre cinema, o último filme do David Lynch, talvez. Falar sobre viagens e lugares e frases e livros. Ou sobre como às vezes nos apetece ficar a carregar numa tecla de um qualquer teclado, durante horas. Apetece-me falar sobre tudo e sobre nada. Também me apetece ficar calado, contigo...